| Era a tarde mais longa de todas as tardes
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| Que me acontecia
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| Eu esperava por ti, tu não vinhas
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| Tardavas e eu entardecia
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| Era tarde, tão tarde, que a boca
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| Tardando-lhe o beijo, mordia
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| Quando à boca da noite surgiste
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| Na tarde tal rosa tardia
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| Quando nós nos olhamos tardamos no beijo
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| Que a boca pedia
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| E na tarde ficamos unidos ardendo na luz
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| Que morria
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| Em nós dois nessa tarde em que tanto
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| Tardaste o sol amanhecia
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| Era tarde demais para haver outra noite
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| Para haver outro dia
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| Meu amor, meu amor
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| Minha estrela da tarde
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| Que o luar te amanheça e o meu corpo te guarde
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| Meu amor, meu amor
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| Eu não tenho a certeza
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| Se tu és a alegria ou se és a tristeza
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| Meu amor, meu amor
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| Eu não tenho a certeza
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| Foi a noite mais bela de todas as noites
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| Que me adormeceram
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| Dos noturnos silêncios que à noite
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| De aromas e beijos se encheram
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| Foi a noite em que os nossos dois
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| Corpos cansados não adormeceram
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| E da estrada mais linda da noite
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| Uma festa de fogo fizeram
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| Foram noites e noites que numa só noite
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| Nos aconteceram
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| Era o dia da noite de todas as noites
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| Que nos precederam
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| Era a noite mais clara daquelas
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| Que à noite amando se deram
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| E entre os braços da noite de tanto
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| Se amarem, vivendo morreram
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| Meu amor, meu amor
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| Minha estrela da tarde
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| Que o luar te amanheça e o meu corpo te guarde
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| Meu amor, meu amor
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| Eu não tenho a certeza
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| Se tu és a alegria ou se és a tristeza
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| Meu amor, meu amor
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| Eu não tenho a certeza
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| Eu não sei, meu amor, se o que digo
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| É ternura, se é riso, se é pranto
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| É por ti que adormeço e acordo
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| E acordado recordo no canto
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| Essa tarde em que tarde surgiste
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| Dum triste e profundo recanto
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| Essa noite em que cedo nasceste despida
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| De mágoa e de espanto
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| Meu amor, nunca é tarde nem cedo (Meu amor, meu amor)
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| Para quem se quer tanto! |
| (Eu não tenho a certeza)
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| Meu amor, meu amor
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| Eu não tenho a certeza |